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terça-feira, 8 de abril de 2008

Reflexões sobre as inundações na Madeira

Apesar de me encontrar longe da Madeira, é com grande angústia que tenho acompanhado as inundações que têm assolado a ilha. É pena que os governantes não tenham aprendido nada com os trágicos acontecimentos de 1993. Realizei para o I.E.G.U.C um trabalho acerca das inundações na Madeira, e constatei que há registos de inundações desde o século XVI.
Muitos culpabilizam a precipitação, mas os factores naturais são por si só, insuficientes para explicar as ruas inundadas e enlameadas.
Esta situação é o corolário de uma lamentável e incompetente gestão dos nossos recursos naturais. O pastoreio excessivo feito nas zonas altas da Ilha (Pico careca, por exemplo)
Para além de motivar a desflorestação, enfraquece os nutrientes dos solos, favorecendo o seu arraste, aquando de fortes chuvadas. A falta de limpeza nas nossas ribeiras é também um outro problema que deve merecer um pouco mais de atenção.
Apenas pergunto....há dinheiro para megalómanos empreendimentos turísticos..e que tal um saneamento básico mais eficiente? Ah esqueci-me...o povo que se f...

6 comentários:

Ninetta disse...

Priminho, aqui as ribeiras responderam bem, até porque por sorte a maré estava baixa.
Os ribeiros é que não responderam nada bem, principalmente o RIbeiro da Nora que passa na Rochinha e aquele outro que passa na Esc.Francisco Franco e tb no Anadia, esses fizeram mesmo estragos e dos grandes:

( Irra isto tá enorme )

Dp explico pessoalmente,;-) por cá já está tudo bem, ficamos sem praia de areia na calheta e sem estacionamentos no Dolce Vita e Anadia, enfim que se f.... o povo.

Bjinhos enormes, tb sei que por aí n está melhor, diz qq coisa tá?

Anónimo disse...

Há já algum tempo que venho acompanhando o que aqui se publica. Hoje resolvi quebrar o jejum e "dizer de minha justiça", já que o assunto em causa até me diz muito.
Concordo que há sempre mais qualquer coisa a fazer. Mas isso é como em tudo: queremos sempre que os políticos façam mais qualquer coisa, faz parte da nossa insatisfação genética. Ainda assim, e como já foi dito noutros comentários (e pelo entendido Doutor Raimundo Quintal), até reagimos bem. As ribeiras não galgaram o leito e as inundações eram inevitáveis. Não podemos esquecer que estamos numa ilha com terreno acidentado, onde tudo vem dar ao mar (é a lei da natureza, ou da gravidade, se preferirem) a funcionar. Além disso, só nos lembramos de Santa Bárbara quando dá trovões. O que nos vale é que não houve mortes a registar e que tudo se irá recompor, felizmente.
Quanto à desflorestação, não se pode ver as coisas de forma tão linear. Não nos serve de muito estarmos sempre a bater no ceguinho. E já agora, será que a reflorestação que tem sido feito na zona dos Pico do Areeiro, Pico Cedro, Pico Esteios e Escalvado, serras de Santo António e São Roque vão ser suficientes para que daqui por uns anos não tenhamos cheias? Não acredito que a culpa seja da ausência de vegetação, além de que as cabeceiras das ribeiras que passam pelo Funchal já estão bem melhores. Outra coisa, não são apenas os governantes que têm culpa da ‘matança’ da vegetação pelos animais. Perguntemos a muito boa gente o que pensa da retirada do gado das serras. Vamos chegar à conclusão de que muitos defendem que se devia manter as ovelhas e as cabras a pastar livremente por aí. Os políticos também foram eleitos por essa gente. Devem ou não respeitar a sua intenção? (ainda bem que chegou ao momento em que resolveram não respeitar). São temas muito melindrosos... O que vale é que já notamos diferenças nas zonas circundantes ao Pico do Areeiro.
Apesar de todos estes desaires, o que vale é que no Verão já não vamos ter falta de água. Ontem, no Paúl da Serra, os pauís voltaram a encher e além do espectáculo, conseguiram-se reservas de água para o estio. É um dos lados positivos destas cheias.
E pronto, não digo mais nada, pois o comentário já está mais extenso do que o POST. Desculpem lá e continuações de boas 'conversas'.

Anónimo disse...

Porraaaaaaaa! Desculpem lá. Ficou mesmo mt extenso. Não volta a acontecer.

Anónimo disse...

já sei quem escreveu isto :)

Gostei especialmente da parte dos "Pauís" - não conheçia esta palavra!

Pauis

do Lat. *padule, metátese de palude

s. m.,
terra alagadiça;

pântano;

porção de água estagnada.



Volta sempre rapaz!

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, agradeço o "feedback". Em segundo para afirmar que apesar do que vocês mencionaram, a perigosidade permanece. As políticas de reflorestação têm de facto vindo a minorar as consequÊncias das inundações, mas ainda há muito para fazer. Eu resido numa ilha com declives bem mais acentuados, onde os índices de precipitação são bastante superiores. O problema é que não existem estudos de impacto ambiental (de certeza que se houvessem, nao teria visto, ainda ontem vídeos a mostrar a Rua da Carreira quase submersa.).
Há falta de escoamento nas principais artérias urbanas da cidade, e também aposto que a limpeza das ribeiras não deve corresponder à dos esgotos, ou não se verificaria tal situação.
Acho que não podemos ser complacentes nestas circunstâncias que outrora já foram bem dramáticas. Para alguns, não serão tão dramáticas, uma vez que devem habitar em áreas bem mais tranquilas e isoladas...
Só lamento que questões como a da qualidade de vida sejam secundarizadas por outras questões políticas menos importantes...

Anónimo disse...

O agora recem-promovido a vidente - Raimundo Quintal já fez o alerta para a nova bomba relógio em termos de Ribeiros - o do Ribeiro Seco...a metros da minha casa.
Em nome do progresso (e da prosperação da Tecnovia) este ribeiro mudou de trajecto, encurtou nalguns metros e o mesmo já está a ser coberto ficando a passar uma estrada por cima!

Quando vier uma enchente daquelas por onde transbordará este ribeiro? Que não seja em minha casa :)